Tudo começou em 1960, com Wanda e Antonio. Eram pais de 4 filhos, todos de origem biológica. Sempre felizes mas, percebiam que faltava algo. Quando adotaram Paulo Sérgio, sentiram que a família estava completa. Paulo foi uma das primeiras crianças negras e com deficiência congênita a ser adotado de forma legal em São Paulo e consequentemente, no Brasil.
A família entendeu os desafios da inter-racialidade, em uma sociedade preconceituosa e em um bairro predominantemente branco. Eram muitas as dificuldades.
Enquanto a vida acontecia e o tempo passava, os quatro irmãos mais velhos de Paulo Sérgio decidiram que seguiriam com esse modelo de constituição familiar e a família foi crescendo…entendiam que só laços sanguíneos não atam nós e que o amor transcende a biologia.
Quando estavam tendo seus primeiros netinhos, Wanda e Antonio adotaram mais três crianças, sendo uma com deficiência neurológica severa.
A família foi adquirindo experiência em outras atividades que envolviam crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade, pois também participaram do movimento de família acolhedora, recebendo em seus lares, crianças e adolescentes que precisavam de cuidados provisórios.
Por muito tempo, conhecidos e “conhecidos de conhecidos” buscavam orientações da família para entenderam o trâmite da adoção, para entender e desmistificar os mitos e tabus que envolvem o tema e para serem ouvidos em suas dúvidas.
Foi quando o sociólogo Fernando Freire, que fazia um trabalho para a fundação francesa Terre des Homme, que atende crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade conheceu a família e sugeriu que formassem um grupo de apoio à adoção, sendo então, a Acalanto, o primeiro grupo de apoio à adoção do Brasil. Surge então nosso Programa Adoção.
Cynthia, filha de Wanda e presidente da Acalanto à época percebeu que capacitar pretendentes à adoção e divulgar o tema para a sociedade sob um novo aspecto não era suficiente. Entendeu que a adoção deve acontecer em situações onde não exista vínculação afetiva entre a mãe biológica e seu filho e não quando a mulher não tem condições financeiras, sociais e emocionais de poder dar conta daquela criança (muitos dos casos são por falta de rede de apoio e total vulnerabilidade dessa mãe solo). Surge então nosso Programa Vínculos.
Na pandemia, Jerusa, atual presidente, filha de Cynthia e neta de Wanda – foi uma coincidência de gestão 🙂 sugere que a Acalanto ative o antigo desejo de atender crianças e adolescentes institucionalizados, muitas vezes sem perspectivas de vida, para que a Acalanto funcione como vínculo emocional estável com a sociedade e que eles possam assim, desenvolver autonomia, auto estima, confiança e sentirem-se importantes e pertecencentes à um grupo positivo. Surge nesse momento, o Programa Grão.
Em Resumo:
– A Acalanto surge em 1993 – Experiência familiar de adoções “fora do padrão”
– Tem a missão de garantir os direitos da infância e adolescência
-Projeto pioneiro de orientar pretendentes à adoção por meio de grupos e palestras temáticas com assuntos específicos ao tema – Programa Adoção
-Assistência e orientação à mães e famílias naturais que estavam desestruturadas e não contavam com nenhum apoio – Programa Vínculos
-Oferece um espaço seguro de escuta e acolhimento para as crianças e adolescentes em situação de acolhimento, para que desenvolvam suas potencialidades e encontrem seu lugar no mundo – Programa Grão
-Todo trabalho feito de forma voluntária – somos até agora, 25 voluntários
-Trabalho com Rede de Apoio (Vara da Infância, Ministério Público, Saicas (Serviço de Acolhimento Institucional da Criança e Adolescente), Cras e empresas parceiras). Temos a certificação do Conselho Municipal da Criança e Adolescente (CMDCA) e COVISA (Coordenadoria de Vigilância e Saúde – licença sanitária para armazenamento e manipulação de alimentos).